Iniciativa leva esperança às mães que criam os filhos sem a figura paterna
Agosto é sinônimo de Dia dos Pais. A data, celebrada no segundo domingo do mês, faz parte do calendário nacional desde 1953, quando o publicitário Sylvio Bhering importou a ideia dos Estados Unidos. Embora seja um momento de união familiar, estatísticas comprovam que grande parte da população brasileira não comemora o dia pela ausência paterna.
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Registradores de Pessoas Nativas (ARPENBRASIL), nos primeiros quatro meses de 2022, o estado de São Paulo registrou a maior porcentagem, desde 2018, de crianças que não tiveram o nome do pai incluído em suas certidões de nascimento. Ao todo, 10.065 crianças foram registradas somente com o nome materno — 5,57% dos 180.729 nascimentos contabilizados até então.
No Brasil, há cerca de 11 milhões de mães solo – mulheres que assumem de forma exclusiva as responsabilidades pela criação de seus filhos, seja no âmbito financeiro, afetivo ou escolar. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostram que das famílias comandadas por mulheres, 56,9% vivem abaixo da linha da pobreza.
De acordo com levantamento feito pelo Instituto Locomotiva, em 2020, 35% das mães solo não tinham renda suficiente para comprar alimentos e 31% não conseguiram adquirir itens de higiene. Durante a pandemia, 8 em cada 10 tiveram a renda familiar reduzida.
Foi pensando na vulnerabilidade dessas mulheres que assumem a total responsabilidade dos filhos, que Thais Cassapian, professora, mãe solo e moradora da zona norte de São Paulo, criou o Coletivo de Apoio à Maternidade Solo, em 2020. A iniciativa foi desenvolvida para transformar e dar apoio às mães que sofreram o abandono dos pais de seus filhos. Por meio de um aplicativo de mensagens, Thais construiu uma rede virtual de voluntários que se organizam arrecadando, montando e entregando kits de doações às 200 famílias atendias pelo grupo na capital paulista e nas cidades de Itapevi e Osasco.
“Foi a partir do coletivo que eu comecei a ver o recorte das mulheres que estão na periferia, sem poder trabalhar, com filhos dentro de casa sem irem à escola. Precisamos de políticas públicas que deem condições a essas mulheres para cuidar de suas famílias, como acesso à educação, ao trabalho e qualidade de vida”, afirma Thais Cassapian.
Todo mês, o coletivo entrega um kit com cesta básica, frutas e legumes, ovos, leite integral, fraldas descartáveis (para famílias com bebês), uma lata de fórmula infantil (para bebês que não estão em aleitamento materno) e um kit de higiene (com papel higiênico, sabonete, creme dental e absorventes). Além disso, o projeto auxilia mulheres que estão sendo ameaçadas de despejo, na busca por parcerias para famílias que precisam receber acompanhamento psicológico, na realização de consultorias para promover o aleitamento materno e na compra do gás de cozinha.
“A nossa intenção é que mais kits cheguem a um número maior de mulheres. Que possamos aumentar ainda mais essa rede de apoio para oferecer não só comida ou consultoria, mas também oportunidades de emprego”, completa Thais.
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Ou pelo perfil do Coletivo no Instagram: @coletivomaternidadesolo
COLETIVO DE APOIO À MATERNIDADE SOLO
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